Mais de três meses após do terramoto de magnitude 7.8, continuam os esforços no Nepal. O desastre vitimou milhares de pessoas e demoliu mais de meio milhão de casas. Algumas semanas depois, em plena fase de recuperação do primeiro desastre, o povo nepalês deparou-se com um segundo terramoto. O número total de mortes ronda as 9.000 pessoas. Os habitantes de zonas rurais foram os mais afectados. Muitas vidas e muitas casas foram completamente destruídas.
A zona deTipling, no distrito de Dhading, é disso exemplo. Quase 500 casas foram danificadas ou destruídas no primeiro terramoto, e de acordo com o Padre Samuel Simick, jesuíta no local, o segundo terramoto voltou a abalar a confiança lentamente conquistada. “As pessoas tinham o medo expresso no rosto e ninguém sorria ou ria”, disse o Jesuíta indiano Pascal Dhanwar, que prestou auxílio em Tipling. “Foi muito complicado e difícil de digerir”. Embora traumatizadas, as pessoas em Tipling e noutras vilas estão lentamente a recuperar. A preocupação continua a ser a construção de abrigos e assegurar mantimentos, fazendo face às chuvas e a outras dificuldades.
O Padre Boniface Tigga, Superior dos Jesuítas no Nepal, refere que embora as ajudas e fundos estrangeiros estejam a ser enviados para todo o país, tem sido mais difícil prestar auxílio às vilas mais afastadas. “Muitas estradas ainda estão cortadas devido a desmoronamentos, o que complica ainda mais a tarefa. A pé, demoraria entre 5 a 10 horas por caminhos montanhosos e as chuvas não têm facilitado. Contudo, apesar destes desafios, ainda há muita esperança”, afirma.
Em Maio, dezenas de organizações de várias religiões responderam ao apelo feito pelo Vigário Apostólico do Nepal, Bispo Paul Simick, para trabalharem numa operação conjunta com o objectivo de ajudar os sobreviventes dos dois terramotos. A Cáritas Nepal lidera a operação, suportada pela Cáritas índia e Cáritas Austrália. Os Jesuítas são uma das comunidades religiosas que estão a trabalhar com a Cáritas. Juntos, com muitos voluntários estudantes das escolas geridas pelos Jesuítas, têm visitado algumas das vilas mais afetadas, providenciando assistência médica e bens de primeira necessidade como lençóis, mantas, tapetes, arroz, cereais, óleo, açúcar e sal.
Desde 19 de maio, têm também coordenado o trabalho com o recém-criado Instituto Social dos Jesuíta no Nepal (NJSI), através do Programa de Reabilitação e Ajuda de Emergência. O NJSI tem unido forças com outras organizações, incluindo o Centro Navjyoti, a Associação Católica de Saúde da Índia e o Colégio de S. Xavier de modo a aumentar a eficiência e chegar a mais sobreviventes. A 26 de junho, a ajuda alcançava 10 dos distritos mais afectados pelo terramoto: Nuwakot, Kavrepalanchowk, Sindhupalchowk, Dhading, Gorkha, Lalitpur, Kathmandu, Okhaldhunga, Bhaktpur e Dolkha. Mais de 7.000 famílias e de 40.000 pessoas têm recebido apoio ao longo deste processo.
A segunda fase do programa já teve início e pretende retomar o ensino. De acordo com o Padre Bill Robins, a maioria das escolas colapsou e os Jesuítas estão actualmente a trabalhar, no sentido de construir salas de aulas temporárias, para que os alunos nepaleses possam regressar à escola. “O desafio que os jesuítas melhor sabem concretizar prende-se com a educação, ajudando no possível para que as escolas funcionem eficazmente”, refere.
Até agora, o Instituto facultou material escolar a cerca de 3.800 estudantes em 52 escolas, assim como a mais de uma centena de outras crianças. De forma complementar, algumas escolas em Lalitpur, Kathmandu, Nuwakot, Gorkha, Sindhupalchowk, Kavrepalanchowk, Dolkha and Dhading receberam materiais de escritório, móveis, chapas e painéis metálicos para que as comunidades possam criar os seus centros de aprendizagem. Nas próximas semanas espera-se alcançar mais 30.000 estudantes. “Com sorte, conseguiremos destacar alguns Jesuítas de outros ministérios para ficarem alguns meses nas vilas que ajudamos, providenciando em especial apoio moral aos habitantes”.
Recentemente, quinze Jesuítas da Índia têm trabalhado em vários distritos para avaliações de terreno, supervisão, reconstrução e reabilitação. Sementes de milho têm sido distribuídas em Kavrepalanchowk, para auxiliar a vida dos agricultores. Há planos para fazer o mesmo, noutros distritos.
Assim que terminar a época das chuvas, em outubro, a reabilitação é a próxima etapa na agenda. Através do NJSI, os Jesuítas preveem continuar a ajudar os sobreviventes a retomar as suas vidas: acompanhando sobreviventes deslocados e desalojados e auxiliando as escolas dos distritos mais atingidos. A par disto, há planos para providenciar ajuda psicossocial aos sobreviventes.
Segundo o Padre Bill Robins, os nepaleses têm demonstrado uma determinação inabalável, apesar do desastre histórico. “Lidam com dor e mágoa, e continuam a lutar, tentando olhar para a frente”.
Se deseja contribuir para os esforços no Nepal, poderá fazer uma doação através da Fundação Gonçalo da Silveira, representante desta Campanha em Portugal. Se efetuar uma transferência, envie-nos por favor um comprovativo da mesma, junto com os dados para recibo (nome, nr. contribuinte e morada), para comunicacao@fgs.org.pt .
Acompanhe as atividades no terreno na página de facebook Earthquake Relief by Nepal Jesuits.
Se é Educador/a, sugerimos trabalhar este tema na Escola através da proposta didática da ONGD espanhola Entreculturas, destinada a jovens do 3.º ciclo e Secundário (e possível de adaptar a outros níveis de ensino) aqui.