Ao longo dos últimos 19 anos (a FGS foi criada em 2004) temos trabalhado por um mundo mais justo, equitativo e sustentável. As nossas raízes, ou melhor, os nossos alicerces e princípios orientadores têm que ser procurados nas origens da Criação, da Casa Comum e da Humanidade.
Os relatos bíblicos da Criação apresentam, entre outros, dois princípios básicos que devem orientar a vida humana: ser Cuidador do Jardim (Casa Comum) e Protetor do seu Irmão. Sabemos, porém, que isso não aconteceu ao longo dos séculos: os seres humanos nem sempre têm cuidado da Casa Comum e não têm protegido os seus irmãos.
Estes dois princípios (Cuidar da Casa Comum e Protetor do seu Irmão) têm norteado ao longo dos anos a Doutrina Social da Igreja, o pensamento e a actuação de inúmeras organizações, entre as quais a FGS, que trabalham em prol do Desenvolvimento, integral e solidário.
No dia 26 de Março, celebrou-se 56 anos da publicação da Encíclica Populorum Progressio (O Desenvolvimento dos Povos) do Papa São Paulo VI. O documento papal destaca que o desenvolvimento não se reduz a um simples crescimento económico:“Para ser autêntico, deve ser integral, quer dizer, promover todos os homens e o homem todo” (14). Já no final do documento, o Bispo de Roma, lança-nos um repto: “se o desenvolvimento é o novo nome da paz, quem não deseja trabalhar para ele com todas as forças? (87)”.
Nos anos seguintes, os Papas João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI e Francisco aprofundaram estas questões, desafiando-nos a uma “cultura do cuidado” como percurso da Paz. Somos todos chamados a defender e promover o Bem Comum, a cuidar da Casa Comum e a “progredir no caminho da fraternidade, da justiça e da paz entre as pessoas, as comunidades, os povos e os Estados” (Mensagem do Papa Francisco para a celebração do 54º Dia Mundial da Paz – 1º de janeiro de 2021).
Como destaca a Encíclica Fratelli Tutti do Papa Francisco a caminhada da Humanidade é feita de avanços e recuos:
“Durante décadas, pareceu que o mundo tinha aprendido com tantas guerras e fracassos e, lentamente, ia caminhando para variadas formas de integração. Por exemplo, avançou o sonho duma Europa unida, capaz de reconhecer raízes comuns e regozijar-se com a diversidade que a habita (…)” (10).“Mas a história dá sinais de regressão. Reacendem-se conflitos anacrónicos que se consideravam superados, ressurgem nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos. Em vários países, uma certa noção de unidade do povo e da nação, penetrada por diferentes ideologias, cria formas de egoísmo e de perda do sentido social mascaradas por uma suposta defesa dos interesses nacionais” (11).
Os projetos de Educação para a Cidadania Global, Ecologia Integral, Transformação e Justiça Social, que implementamos, são o nosso contributo para um Mundo mais Justo, Fraterno e Humano, onde todos vivam Dignamente em Liberdade e Equidade, em Harmonia e Respeito pela Natureza.
Votos de uma Páscoa Feliz, Fraterna e Solidária!
Artur Araújo
(Voluntário FGS)