Sustentabilidade financeira e humana: uma só realidade

 

De tanto uso, a palavra “sustentabilidade” corre o risco de querer dizer muito sem dizer nada. 

O que é então a sustentabilidade? 

Definiria a sustentabilidade como a capacidade de conservar, cuidar de algo, de forma que a durabilidade desse algo se prolongue até que faça sentido. 

Quase tudo na vida tem um prazo, tem um término. Sendo a sustentabilidade o campo onde se realiza a ação de forma que a missão possa acontecer hoje, amanhã e depois de amanhã… Por isso, a sustentabilidade não é um fim, mas um meio que assegura a propósito maior de uma família, de um Estado, de uma empresa ou de uma ONGD.

A Sustentabilidade Financeira é uma das parcelas desse campo que chamámos de sustentabilidade. Podemos identificá-la como a parcela maior ou, pelo menos, com mais impacto, mas nunca como a única. Sem os meios financeiros adequados não conseguimos assegurar a realização de uma parte muito significativa da finalidade de uma organização. Do mesmo modo, podemos dizer que a sustentabilidade de uma organização não existe sem as pessoas. Por isso, falar em Sustentabilidade Financeira e Humana é uma tentativa de garantir que uma não vive sem a outra.

Parece-me que a razão pela qual temos na sustentabilidade financeira a maior atenção está relacionada com o horizonte temporal dos seus impactos. Todos percebemos a urgência de assegurar o sustento financeiro no cumprimento das responsabilidades imediatas. Mas colocando numa perspetiva de um horizonte maior também percebemos que com financiamento e sem capacidade humana, nada se consegue fazer. 

Como se mede a sustentabilidade financeira e humana numa organização sem fins lucrativos?

Os fins lucrativos de uma organização pressupõem que a atividade cria valor para os donos dessa organização. Sendo este o propósito, a sustentabilidade financeira cumpre com um objetivo de gerar riqueza para quem assegura a existência desse negócio. Este é um propósito legítimo e louvável pois, desta forma, a sociedade melhora as condições de vida. 

Sendo uma organização sem fins lucrativos, o propósito de melhoria das condições de vida não fica posto em causa. A criação de valor é algo que não se esgota na distribuição de lucros. A criação de valor pode ser, por exemplo, medida pelo impacto da intervenção de uma determinada ação. Contudo, ambicionar resultados recorrentemente positivos numa ONGD não só em nada trai a identidade de “sem fins lucrativos”, como é algo que deve estar presente no dia-a-dia como forma de cumprir com a sustentabilidade financeira e humana entendida como uma só. Para assegurar uma continuidade de recursos humanos capazes de cumprir com a missão de uma organização, precisamos de encontrar o justo equilíbrio entre o esforço de angariação de receitas e o esforço de redução de gastos. É através de uma estrutura financeira sólida e do esforço humano equilibrado, que se garante a realização de uma missão com cabeça, mãos e coração. Qualquer estratégia de Sustentabilidade terá pouca eficácia se se limitar a uma das parcelas.

A FGS, enquanto ONGD, não procura o lucro, nem depende de Governos para ter os meios que assegurem a sua missão. Desta forma, a sustentabilidade na FGS é o somatório do esforço de cada um, que vai para além das suas tarefas técnicas quotidianas. Há um foco em assegurar que o que se faz de Bem tem qualidade e durabilidade. Ter sempre presente, e de forma clara, a nossa missão é motor na motivação diária de encontrar, tantas vezes de forma criativa, os meios para uma Transformação e Justiça Social!

 

João Raposo

João Raposo, 42 anos, casado, pai de 3 filhos. Membro da Direção da FGS (2021-2024) é licenciado em Gestão de Empresas pela Nova SBE e em Filosofia pela UCP. É sócio Fundador e Administrador da Reorganiza. Também é autor de 2 livros de Finanças Pessoais e tem a certificação enquanto Coach, através da Way Beyond (ICF).

Saiba mais sobre a FGS:

loading