Quando pensamos em Natal, entre vários símbolos, um que ressalta é a ideia da família, um grupo de pessoas que partilham a mesma CASA e que possuem relações entre si de parentesco, de ancestralidade ou de afetividade. Em dezembro, estas famílias “embrulham” os seus dons e partilham-nos, num mês marcado por luz e por comemoração. Entre os vários modelos de família, recuemos até à origem que influenciou a nossa civilização, a Família de Nazaré. Maria, a Mulher «vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça» (Ap12, 1), é a Mãe e a Rainha de toda a criação. Ao lado d’Ela, encontra-se São José, Homem justo, protetor e atento à realidade para amar, por isso, considerado o protetor da Igreja universal.
O que mais chama a atenção, na leitura do texto do Evangelho, em relação a esta família são os muitos verbos de “movimento”: Belém, Egito e, depois, Nazaré. A Família de Nazaré também ela retoma o caminho dos perseguidos e dos refugiados, o que imediatamente nos traz até às famílias do presente que são obrigadas a deixar as suas casas e as suas terras em busca de paz e de serenidade, ou então, faz-nos pensar na apreensão das famílias que tentam chegar até ao final do mês, devido a problemas económicos.
Também Jesus, filho da família de Nazaré, nasceu na margem da cidade, deu-se a conhecer àqueles que ninguém via, assumiu a nossa humanidade e foi ao encontro de vidas marcadas pela injustiça. Inaugurou, assim, o olhar sobre a vida através da lente da justiça social e dos direitos humanos. Jesus vivia em harmonia com a criação, dos outros e das coisas, de tudo: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”.
É um modo de amar, de passar pouco a pouco do que cada um de nós queremos para o que o mundo precisa. Hoje, o mundo precisa de cuidado. É falso que exista uma quantidade ilimitada de energia e de recursos e que a sua regeneração seja possível de imediato. E igualmente falso que os efeitos negativos das manipulações da ordem natural possam ser facilmente absorvidos. Infelizmente, vivemos uma catástrofe ecológica sob o efeito da explosão da civilização industrial e, por isso, precisamos de uma mudança radical no comportamento da humanidade que consiga interpretar a realidade além da tentação uso e do domínio. Precisamos de um novo tipo de relação connosco próprios, com os outros, com o meio envolvente, com o mundo. Uma visão que consiga reconhecer que tudo está interligado e que tudo é uno.
Na FGS acreditamos que esta realidade pode ser alcançada através de uma ecologia integral, uma maneira diferente de contemplar a realidade, partindo da interação sensível com o que nos rodeia, o que está perto, o que está longe, com o passado e com o futuro. Uma visão de cuidado para o bem comum. Neste sentido, desenvolvemos projetos para a Educação para a Cidadania Global, um processo de aprendizagem que procura compreender as causas estruturais dos problemas do desenvolvimento e das desigualdades existentes.
Tal como Francisco de Assis, pedia que, no convento, se deixasse sempre uma parte do horto por cultivar para aí crescerem as ervas silvestres, também nós precisamos de deixar espaço para a diversidade e para a espontaneidade da nossa CASA COMUM.
Contamos consigo para que a FGS possa continuar a criarespaços para a sua missão.
Junte-se a nós, pela Transformação e Justiça Social.
Boas festas!