5 consórcios liderados por ONGD Portuguesas com ação em Moçambique, selecionadas no âmbito do Mecanismo de Financiamento criado pelo Governo Português, continuam no terreno e desenvolvem projetos nas áreas da saúde, educação e segurança alimentar. A realidade 2 anos após a passagem dos Ciclones.
Dois anos depois dos ciclones, um ano após a seleção e financiamento de 5 projetos pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (com apoio de várias entidades, empresas e municípios), as ONGD selecionadas juntam-se para relembrar a data que destruiu parte de Moçambique e assinalar a força da resposta de Portugal, e do Governo Português com a criação do Mecanismo de Financiamento para Apoio à Recuperação e Reconstrução das Regiões afetadas pelos ciclones Idai e Kenneth em Moçambique. O financiamento total de 1,9 milhões de euros tem sido aplicado nos 5 projetos:
O projeto UNGUMI está a ser implementado pelo consórcio constituído pela APOIAR e Médicos do Mundo Portugal, em parceria com a F. LVIDA e a Young Africa. Tem como objetivo promover a saúde dos habitantes de comunidades rurais do corredor Dondo-Savane afetadas pelo Ciclone Idai. Realizado o mapeamento e o perfil de saúde das comunidades onde o projeto UNGUMI está presente, têm vindo a ser ministrados cursos de formação para os técnicos de saúde desta região, bem como sessões de formação semanais para grávidas e mães de bebés até aos 2 anos com o objetivo de promover a gravidez saudável, o parto seguro e o desenvolvimento do bebé. No âmbito do saneamento básico, e com foco na prevenção da Covid-19, foi feita a formação e o fornecimento de materiais para a construção de torneiras artesanais. O projeto UNGUMI dinamizou a formação de jovens em técnicas de construção resilientes. Como parte do currículo prático, os jovens estão a participar na construção de infraestruturas anexas aos cinco centros de saúde onde o projeto está presente. Este é um espaço local importante que apoia o desenvolvimento das atividades de saúde e da comunidade.
O consórcio “Somos Moçambique”, constituído pela FEC, FGS e VIDA, está a desenvolver uma estratégia integrada e assente em três setores – educação, saúde e geração de rendimentos – com o objetivo de reforçar a capacidade de resiliência das famílias do bairro Manga-Mascarenhas, na Beira. Atualmente, o projeto está a finalizar a reconstrução da Escola Primária Manga-Mascarenhas, apostando também na formação e capacitação de professores do ensino básico e membros da direção de jardins de infância. Simultaneamente, está a desenvolver um inquérito junto das famílias do bairro para perceber as suas dinâmicas e dar uma resposta adequada às suas necessidades. O projeto “Somos Moçambique” conta também com financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian.
A Oikos, em parceria com a Cáritas Portuguesa, Cáritas Moçambicana, ADPM e Luarte, está a implementar um projeto de apoio à recuperação do setor agrícola para a segurança alimentar das populações mais afetadas pelos ciclones IDAI em Sofala e KENNETH em Cabo Delgado. Estas ONG vão contribuir para a segurança alimentar de 22.500 pessoas. A intervenção assenta em quatro 4 componentes: apoio na produção e comercialização agrícola para assegurar a segurança alimentar e a recuperação económica das comunidades; Gestão pós-colheita para aumentar a capacidade de armazenar e preservar alimentos; Novas fontes de rendimento complementares à agricultura; e Reforço das capacidades locais para responder a impactos de ciclones futuros através da sensibilização comunitária sobre gestão de risco.
A Helpo, em parceria com a TESE, está a implementar o projeto RESPI, que tem como objetivo melhorar o acesso à saúde e o estado nutricional das mulheres grávidas e lactantes e crianças menores de cinco anos de idade. A intervenção está centrada nas unidades de saúde do Posto Administrativo de Dombe que servem 62.249 habitantes e em nove reassentamentos populacionais criados na resposta à emergência do ciclone, onde habitam cerca de 13.209 pessoas. Neste primeiro ano de implementação, nas unidades de saúde foram construídas infraestruturas de saúde resilientes (ex., construção de um bloco de internamento para crianças desnutridas) e foi reabilitado e melhorado o sistema de energia solar e de abastecimento de água. Os técnicos de saúde também foram devidamente capacitados e estão a ser acompanhados na implementação do Protocolo de Reabilitação Nutricional. Nos reassentamentos foram criadas redes de ativistas que rastreiam e encaminham casos de desnutrição para as unidades de saúde para devido tratamento e também dinamizam sessões de demonstração de culinária.
A Health4Moz ONGD, logo após o ciclone Idai, criou o movimento #unidospelabeira, em parceria com a Ordem dos Médicos de Portugal. Com o apoio do Camões I.P., colaborou na assistência médica e medicamentosa e na formação e capacitação dos profissionais de saúde do Hospital Central da Beira (HCB) para a reorganização dos serviços. Em resposta ao repto lançado pelos colegas, a Health4Moz assumiu então recuperar as infraestruturas do HCB e, com o apoio das Câmaras Municipais do Porto e Coimbra (cidades geminadas com a Beira), da Associação Moçambicana de Bancos, de mecenas e da sociedade civil portuguesa, recuperou até à data 7 dos 8 pavilhões que integram o Hospital, com impacto na qualidade da assistência médica prestada a mais de 8 milhões de pessoas de 4 províncias do centro de Moçambique. Já este ano, com o apoio da CGD e do BPI, equipou a totalidade da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais / Enfermaria de mães-canguru. Em parceria com o Instituto Marquês Vale Flor e no âmbito do projeto “Reconstruir Melhor”, apoiado pelo Camões, I.P., tem planeada a recuperação do último Bloco, o Bloco das Enfermarias.