Que papel cabe à Escola no contexto de múltiplos desafios sociais, económicos e ambientais que enfrentamos hoje? O debate está em cima da mesa a uma escala global e foi o mote para a FGS e o CIDAC organizarem a Conferência “(Re)Pensar a Escola enquanto Escola transformadora” que reuniu mais de 200 pessoas na Fundação Cidade de Lisboa, a 15 de fevereiro.
Queremos uma escola transformadora, que prepare cidadãos e cidadãs para um futuro que é incerto e certamente desafiante mas… estaremos a agir em conformidade? O que falta fazer? Foram algumas das ideias trazidas a debate pelos dois oradores convidados, o Secretário de Estado da Educação, João Costa, e Alejandra Boni, investigadora e docente na Universidade Politécnica de Valência. Ao longo de quase três horas foram apresentadas perspetivas e propostas sobre este tema, perante uma sala lotada.
Não vamos ter uma escola transformadora se continuarmos, ano após ano, a deixar fora da escola um terço da população dos nossos alunos.
A partir do contexto político, João Costa frisou a necessidade de ter uma Escola verdadeiramente inclusiva: “Não vamos ter uma escola transformadora se continuarmos, ano após ano, a deixar fora da escola um terço da população dos nossos alunos. São 35% os que não concluem o ensino secundário”.
Como resposta, a recente experimentação do Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular, através do qual este representante do Governo afirma que as Escolas podem identificar e implementar mecanismos próprios que lhes permitam orientar as práticas pedagógicas para a inclusão, a inovação – entendida enquanto ferramenta e não um fim em si mesmo – e o desenvolvimento de competências transformadoras nas alunas e nos alunos. “Um aluno bem-sucedido não é o que tira boas notas” – destacou – terá que ser capaz de olhar a realidade de forma crítica e de se comprometer com a procura de soluções criativas para os desafios comuns da sociedade global atual.
Do lado da sociedade civil e do universo escolar, uma das respostas ao desafio de uma Escola transformadora tem sido a Educação para a Cidadania Global. Como apresentou Alejandra Boni, este é um caminho que muitos/as educadores/as têm vindo a fazer com o intuito de preparar cidadãos globais, pessoas ativas, responsáveis, comprometidas, disponíveis para encontrar soluções transformadoras tendo por base valores de justiça social, de equidade, de respeito e igualdade.
Para esta investigadora, já com um vasto trabalho nas áreas da Cooperação e do Desenvolvimento, as escolas são espaços privilegiados para este trabalho. E para ajudar a inspirar, trouxe à Conferência a proposta do Movimiento por la Educación Transformadora y Ciudadania Global, que oferece um leque de ideias para diferentes tipos de pedagogia, facilitando a participação e o contributo dos estudantes.
Esta iniciativa teve como propósito facilitar o repensar das práticas educativas e oferecer possibilidades concretas de espaços e formas para que cada Educador/a se sinta motivado/a a agir em prol de uma educação transformadora. Foi organizado no âmbito do projeto Desafios Globais, com o qual a FGS e o CIDAC têm trabalhado a Educação para o Desenvolvimento e Cidadania Global na educação formal.
Consulte os recursos disponíveis:
- Intervenções do Secretário de Estado da Educação, João Costa, e da investigadora Alejandra Boni – registo vídeo da Conferência
- Resultado do exercício de reflexão coletiva sobre as características de uma Escola Transformadora realizado na conferência
- Documento de referência Centros Educativos Transformadores – Rasgos y propuestas para avanzar do Movimiento por la Educación Transformadora y la Ciudadanía Global, apresentado pela Alejandra Boni
- Porquê uma Escola Transformadora? – artigo de opinião de Alejandra Boni para o Portal VER